A Mali está visivelmente mais leve, não de peso (só ligeiramente) mas de espírito, desde a partida da Shiba.
Quando a Mali chegou a Shiba já era um cão sénior e doente e foi notória a consciência que ela tinha desse estado.
Pouco depois de fazer 6 meses começou a adotar o papel de cuidadora da Shiba. Protetora em todos os momentos, desde lhe dar banho quando se sujava ou molhava a pedir espaço a cães mais excitados ou invasivos nas suas abordagens. Eram inúmeros os comportamentos durante o dia que nos mostravam que ela tinha como missão cuidar da irmã. Porquê? Nunca saberemos.
A Shiba ensinou-lhe MUITO. Foi uma guia de calma e segurança durante 5 anos e ajudou-a a abrir muitas portas e desbravar muitos caminhos.
Cumprimentava todos os cães e pessoas primeiro e explicava-lhe que estava tudo bem, podia confiar e ela acreditava. Transmitia-lhe calma quando ficavam sozinhas e mostrava-lhe que só tinha de esperar, que estava tudo bem e ela acreditava. Acreditou sempre, até ao último dia, que caminhar ao lado da Shiba tornaria a viagem mais bonita e não estava enganada.
A Shiba pintou a vida de todos cá em casa com cores tão vibrantes que mesmo agora, sem cá estar para dar retoques, não as vemos esmorecer.
Sempre achámos que a Mali era muito medrosa mas afinal o que ela tinha não era medo, era responsabilidade. A missão de cuidar é pesada quando se tem tanto a perder.
No dia em que a Shiba partiu a missão terminou. E a Shiba levou com ela o peso da responsabilidade que a Mali carregava desde o dia em que teve a sorte de se tornar sua irmã.
Agora a Mali está mais leve. Come sem ter de partilhar. Corre sem a deixar para trás. Brinca sem a espreitar no canto do olho.
E quem sabe se talvez nesta nova viagem, não seja ela a protegida. Esperamos que sim. Que enquanto cá estivermos possamos sentir a Shiba a dizer que está tudo bem, que podemos confiar e continuar a acreditar.
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